Mendigo das estrelas

Não é possível, Senhor, dar um vidro de mel a uma criança sem que ela coloque dentro dele ao menos um dedo.
Assim eu também, não me posso privar do teu amor inefável.

Senhor, eu sou apenas um mendigo,
Em mendigo de estrelas.
Sou apenas um doente e a minha febre não tem remédio.
O meu coração está ferido, mas o teu é um cofre de paz.
Gostaria tanto de cativar-te, Senhor.
Reveste de beleza todo o meu ser,
como uma noiva no seu vestido nupcial.
Lava-me com a água do poço profundo, do riacho murmurante, da chuva batismal.
Senhor, não se pode impedir ao sol
De abandonar, pela manhã, o seu esconderijo.
Quem poderá, pois, impedir à tua palavra de penetrar no mais íntimo dos corações?
Até o mais profundo do meu ser, até às juntas dos meus ossos.
Eu te conheço muito mal, Senhor.
Mas lava-me, lava-me, lava-me.
Lava-me com a água do rio Jordão, com a água do poço de Jacó, com a água da fonte de Siloé e enxuga-me com o calor do teu sol resplandecente.

Basile Quadraogo, África



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